quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Foi por medo de avião..."

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Já comentei por aqui sobre o meu medo de avião.
Medo, não. Seria eufemismo. Na verdade é pavor, pânico, paúra.
Mas também tenho, modéstia à parte, um bom humor de causar inveja ao Jim Carey.
Juntando uma coisa e outra, fico imaginando como será engraçado voar para o RS para um evento de Neurociências com uma galera da Psiquiatria, da Psicologia e das Neurociências daqui a alguns dias. A maioria comprou passagem no mesmo vôo (Bom, se eu surtar, pelo menos tem um monte pra me diagnosticar! Rsrsrs)
São psiquiatras, psicólogos e cientistas "centrados", "equilibrados", "estruturados" e "controlados"... e eu, que além do pânico indisfarçável estampado na cara, vou deixar fluir todas as minhas psicopatologias:

- Olhar o relógio a cada minuto, abrir a revista da TAM na mesma página 50 vezes e cumprir todos os rituais que garantirão que a decolagem será perfeita (TOC)

- Pedir duas de cada, de todas as bebidas alcoólicas disponíveis no serviço de bordo, para afogar os medos (Quimico-dependência)

- Sentir falta de ar, sudorese excessiva e diminuição da capacidade de raciocínio lógico (Transtorno de Ansiedade Generalizada)

- Sentir que estou prestes a ter um ataque cardíaco (Síndrome do Pânico)

- Tomar um coquetel de remédios para dor de ouvido, dor de cabeça, enjôo, dor de estômago, e alguns tarjas-preta para tentar convencer meu cérebro que aquilo não passa de uma viagem monótona de furgão (Hipocondria)

- Achar que o passageiro ao meu lado é um psiquiatra-maluco-suicida-sádico que sabe que essa não é uma turbulência comum, mas acha engraçadíssimo me ver enfiando as unhas na poltrona de tanto medo (Distúrbio de Mania de Perseguição recorrente)

- Sentir uma vontade surreal de matar - com requintes de crueldade - o comissário que deita no corredor da aeronave no momento da turbulência, só porque não há assentos disponíveis e ele não consegue se manter de pé (Psicopatia grave)

- Ter certeza que o barulho das bagagens no momento da turbulência é, na verdade, vozes indecifráveis vindas do além anunciando que a "passagem" está próxima (Esquizofrenia)

- Sentir uma tristeza profunda e uma angústia imensa enquanto engulo o choro no momento do pouso, por saber que um fim trágico é o destino da minha vida, e quatro minutos depois sorrir às gargalhadas, com uma certeza absoluta que o mundo é lindo e a vida é fantástica, porque o pouso foi maravilhoso (Bipolaridade)

E depois de tudo isso, fazer cara de paisagem e dizer, com a elegância que me é nata (rsrs): "gente, eu só estava brincando, viu? Na verdade, essa foi uma demonstração dos sintomas de uma nova síndrome que eu, como estudiosa das psicopatologias, descobri e apelidei de Síndrome de Belchior!"

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