segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

À flor da pele

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Aqui estou eu, mais uma vez sem saber o que fazer com o que não cabe em mim. Não sei o que é a escrita, mas sinto a escrita como se fosse a descoberta de um primeiro amor: às vezes fascinante, às vezes dolorosa, e agora a minha escrita se faz submersa em um silêncio sussurrante, como respiração pausada e ofegante.

Não sei onde estão os freios do meu pensar. Indomáveis sentimentos atravessam minha escrita, e denunciam a confusão do meu coração desobediente: insolente, desisti de dominá-lo.

Bebi o vinho do meu penar deliciosamente livre e despenquei de cabeça num rio novo, fresco, cristalino. Estou cansada e feliz, o vinho pesando nas pálpebras, as lembranças bem aqui dentro do peito, o ontem ainda se aconchegando em mim.

Foi quando eu falava de mim. Era uma noite clara, eu ainda guardada em mim. Eu havia me desapaixonado por todos. Eterna apaixonada que era, me desapaixonei pensando assim permanecer. Sondei o coração e ele não mais bombeava lágrimas. Mas eu ainda estava cheia de amor, porque o amor é meu. Como garrafa cheia de areia, onde ainda se pode pôr água até derramar.

E naquela noite clara eu não tinha mais medo, apenas degustava minha cautela. Eu estava livre, mas sabia que para ir a algum novo lugar era preciso que eu entendesse minhas próprias pernas, e os limites delas. Qualquer passo em falso causaria queda e dor.

Esperei dia bom, então caminhei: e andei sem medo, levada pela novidade. Acreditei em mim, pois ali era só eu e o mundo. Então o mundo me mostrou o novo e eu chorei lágrimas de alegria, emotiva que sou. Estranhei a confluência de sentimentos tão contraditórios, pois eu estava só mas tinha o novo, como isso era possível? Entendi então que o novo não precisava ser possível, pois, mesmo impossível, ele estaria ali.

Descobri que eu nunca mais seria a mesma. E descobri ainda mais, mas não sei expressar isso agora. Ou não quero, pois isso é meu. O amor é meu.
Tenho mesmo uma relação conturbada com esse treco gostoso e cortante que é o amor.

Escrevo, escrevo, e meu dilema permanece: O amor, claro, o sintoma mais óbvio. Se me curei dele? Dele quem? Do amor? Também persiste.
...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Não se aproxime

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Não se aproxime de mim
se não pode me esperar
Não agora.
E, se depois de observar,
mesmo assim decidir chegar
chegue bem devagar
de mansinho
para que eu possa me acostumar
com seu cheiro
seu jeito
seus medos
com o novo que tem para me mostrar
E depois, se quiser me levar
me leve aos pouquinhos
porque inteira, agora,
eu não quero me apresentar.

sábado, 20 de novembro de 2010

Dezembro lindo Gadú!

Deixa estar, que o que for pra ser, vigora


Obaaa!
Dezembro tem show da Maria Linda Gadú!
E eu fui a primeiríssima da fila! O ponto de venda dos ingressos abriu às 10h e eu estava lá desde 9:50, só pra garantir os melhores lugares.
E garanti! Obaaa!
Vou ouvi-la cantar de pertinho... Ela é linda demais!

Nando Infernal Reis!!!

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Show! O show do Nando Reis foi show demais!!!
Depois posto as fotos que tiramos lá.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Foi por medo de avião..."

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Já comentei por aqui sobre o meu medo de avião.
Medo, não. Seria eufemismo. Na verdade é pavor, pânico, paúra.
Mas também tenho, modéstia à parte, um bom humor de causar inveja ao Jim Carey.
Juntando uma coisa e outra, fico imaginando como será engraçado voar para o RS para um evento de Neurociências com uma galera da Psiquiatria, da Psicologia e das Neurociências daqui a alguns dias. A maioria comprou passagem no mesmo vôo (Bom, se eu surtar, pelo menos tem um monte pra me diagnosticar! Rsrsrs)
São psiquiatras, psicólogos e cientistas "centrados", "equilibrados", "estruturados" e "controlados"... e eu, que além do pânico indisfarçável estampado na cara, vou deixar fluir todas as minhas psicopatologias:

- Olhar o relógio a cada minuto, abrir a revista da TAM na mesma página 50 vezes e cumprir todos os rituais que garantirão que a decolagem será perfeita (TOC)

- Pedir duas de cada, de todas as bebidas alcoólicas disponíveis no serviço de bordo, para afogar os medos (Quimico-dependência)

- Sentir falta de ar, sudorese excessiva e diminuição da capacidade de raciocínio lógico (Transtorno de Ansiedade Generalizada)

- Sentir que estou prestes a ter um ataque cardíaco (Síndrome do Pânico)

- Tomar um coquetel de remédios para dor de ouvido, dor de cabeça, enjôo, dor de estômago, e alguns tarjas-preta para tentar convencer meu cérebro que aquilo não passa de uma viagem monótona de furgão (Hipocondria)

- Achar que o passageiro ao meu lado é um psiquiatra-maluco-suicida-sádico que sabe que essa não é uma turbulência comum, mas acha engraçadíssimo me ver enfiando as unhas na poltrona de tanto medo (Distúrbio de Mania de Perseguição recorrente)

- Sentir uma vontade surreal de matar - com requintes de crueldade - o comissário que deita no corredor da aeronave no momento da turbulência, só porque não há assentos disponíveis e ele não consegue se manter de pé (Psicopatia grave)

- Ter certeza que o barulho das bagagens no momento da turbulência é, na verdade, vozes indecifráveis vindas do além anunciando que a "passagem" está próxima (Esquizofrenia)

- Sentir uma tristeza profunda e uma angústia imensa enquanto engulo o choro no momento do pouso, por saber que um fim trágico é o destino da minha vida, e quatro minutos depois sorrir às gargalhadas, com uma certeza absoluta que o mundo é lindo e a vida é fantástica, porque o pouso foi maravilhoso (Bipolaridade)

E depois de tudo isso, fazer cara de paisagem e dizer, com a elegância que me é nata (rsrs): "gente, eu só estava brincando, viu? Na verdade, essa foi uma demonstração dos sintomas de uma nova síndrome que eu, como estudiosa das psicopatologias, descobri e apelidei de Síndrome de Belchior!"

Ó nóis no show do Frejatiiii

Essas fotos foram tiradas por um site no dia do show do Frejat, mas eu só as encontrei hoje. O show foi massa demais! Quero de novo!!


Eu não sou assim não, hein!
O fotógrafo é que tava com pressa! Rsrs


kkkkk olha a cara do Fernas!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Show do Arnaldo Antunes!!!

!
O show do Arnaldo Antunes foi bom demais! O cara é massa demais.
E sabe o que eu achei mais legal?
Eu fui com meu filho, e no final do show fomos até a porta do camarim tietar um pouco e tentar tirar uma foto. Tinha muita gente, entre fãs, imprensa e familiares dele querendo fotos também. Os familiares ele atendeu, lógico, mas quando chegou a vez dos fãs, ele explicou, com toda a educação do mundo, que não tiraria fotos com a gente porque, ou ele atenderia a todos ou não atenderia a ninguém, porque fã é fã e pra ele todos merecem tratamento igual. Show de bola, né? Achei atitude demais!!!
Ah, e ele achou massa eu ter ido com meu filhote ao show! Era o fã dele mais novinho! E este foi o segundo show dele que fomos em menos de um mês. Não dizem por aí que é de pequeno que se torce o pepino? Pois bem, é de berço que se aprende a apreciar música de qualidade! Faço questão de apresentá-lo ao que há de melhor na nossa cultura desde sempre.
Bom, eu e meu pequeno não conseguimos a foto com o Arnaldo, mas um site tirou uma foto nossa no show. Olha que lindo!

Ainda bem que eu já avisei que não sou fotogênica Rs
Mas o meu gatinho era o mais lindo do show!


Um dos melhores guitarristas do Brasil: Edgar Scandurra


O Arnaldo é atitude demais!


E ele só parece esquisito, porque de pertinho ele é bem bonito! Rsrs


Depois de tanto dançar e pular, nossos cabelos estavam ótimos! Rsrs

domingo, 14 de novembro de 2010

Segredos

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O show do Frejat foi maravilhoso.
É a voz masculina mais bonita, dos cantores nacionais vivos.
E é um poeta sensacional.

Mais Uma Vez

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"Tem gente enganando a gente
veja nossa vida como está
mas eu sei que um dia a gente aprende
se você quiser alguém em quem confiar
confia em si mesmo"

Mais uma decepção.
Com o homem, que a cada dia mostra que está mais distante do ser "humano". Do ser ético, do ser leal, do ser fiel.
Estou falando do não ferir, do não agredir apenas para afastar a dor.
O homem está cada vez menos humano, cada vez mais bicho.
Legiões de egoístas. Nos seus templos individuais da maldade.
E o egoísmo é a expressão mais genuína da irracionalidade, da primitividade do "humano".
Olha-se cada vez mais para dentro e ****-** o outro.
Mais uma decepção.
Que bom.
De certa forma, isso me alivia.
Pois me mostra que eu ainda não acho tudo isso normal.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Feliz Novembro!

Oba! Novembro feliz!
Cheinho de shows maravilhosos pra mim!
Frejat, Nenhum de Nós, Arnaldo Antunes, Moska, Nando Reis, Zeca Baleiro...
Lindos eles, lindas vozes
que cantam, me encantam, acalanto
em novembro, feliz novembro, doce novembro!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quando tudo é novidade

- Meu bem, vamos lavar bem esse cabelo, pra não dar piolho.
- Mas mamãe, eu quero ter piolho!
- Que isso, meu filho! Porquê?
- Porque eu nunca tive. Queria saber como é!
!!!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quem pode entender?

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mar adentro


Sinto como se eu tivesse sido lançada ao mar.
Meu coração não é meu cais.
É mar revolto.
Em tempestade.
E eu não sei nadar.



Cais
(Milton Nascimento)

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dualismo Corpo - Alma, segundo Descartes

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"E, embora talvez, eu tenha um corpo ao qual estou muito estreitamente conjugado, todavia, já que, de um lado, tenho uma idéia clara e distinta de mim mesmo, na medida em que sou apenas uma coisa pensante e inextensa, e que, de outro, tenho uma idéia distinta do corpo, na medida em que é apenas uma coisa extensa e que não pensa, é certo que este eu, isto é, minha alma, pela qual eu sou o que sou, é inteira e verdadeiramente distinta de meu corpo e que ela pode ser ou existir sem ele"
René Descartes

Um dos primeiros questionamentos referentes ao dualismo corpo - alma, ponto inicial da ideia de carater e personalidade do homem.
Tenho muito a estudar, aprender e pesquisar para a minha monografia II. Tenho que definir um tema ainda. Que dúvida!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tropa 2

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Massa demais! Melhor que o primeiro.
Sou fã do Coronel Nascimento.
O cinema brasileiro está cada dia melhor.

Alguns diálogos precisam ficar registrados para sempre

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- Mamãe, eu não quero jantar. Quero tomar suquinho de chocolate.
- Não pode, meu amor. Suquinho só depois de jantar tudo.
- Ah, mamãe! Você vai ver, quando eu "ser" adolescente, eu só vou fazer o que eu quiser!
- ô meu bichinho, não é bem assim. Mas quando você for adolescente, você poderá fazer mais coisas que agora, desde que não sejam coisas erradas.
- E não me chama de bichinho!
- Porquê, você não gosta? É só uma maneira carinhosa da mamãe falar com você.
- É nada, eu não sou bicho. Então é uma maneira descarinhosa.
...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A fada do dente

Sexta-feira passada, caiu o primeiro dentinho do meu filho:

- Mamãe, mamãe, caiu o meu dentinho!
- Que bom, meu amor! Então vamos colocá-lo debaixo do seu travesseiro, para a fada do dente buscar!
- Mas mamãe, a fada do dente existe mesmo?
- Claro, meu bem!
- Como você sabe?
- Porque quando eu era pequenininha assim como você, e os meus dentinhos caíam, eu colocava todos eles debaixo do travesseiro e ela sempre vinha buscar.
- Nossa, mamãe. Então ela deve ser beeeeem velhinha, né?

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! kkkkkk eu mereço!

Emburrecimento confortável


Hoje venho fazer coro com um amigo extremamente inteligente: Umberto Conti. Admiro sua intelectualidade livre e sagaz.

Ontem, ele estava refletindo sobre como o trabalho emburrece.
Isso pode parecer, à primeira vista, conversa de preguiçoso. Mas, se pensarmos bem, ele tem razão. Justamente por ser, qualquer trabalho, necessariamente limitador. O tempo que se passa no trabalho, a energia física e intelectual gasta, a necessidade constante de especialização num tema cada vez mais específico... tudo isso tolhe a liberdade criativa, o conhecimento amplo. Por mais que nos tornemos especialistas num determinado tema, entramos cada vez mais no casulo confortável daquilo que dominamos bem. É neste sentido que o trabalho emburrece. No cerceio à amplitude do saber.

Acho que por isso estou tão feliz com minha atual compulsão pelos estudos, pelo conhecimento, pelo novo. Saí da zona de conforto. E tenho me descoberto um ser humano cada vez mais pensante, questionador, contestador, cada vez mais curiosa.

A questão é: o trabalho é necessário e gratificante, mas não basta. Fundamental é a busca constante pelo conhecimento.
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Todo mundo é igual

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eu amo essa música.
Ela diz muito.
Sobre nós.


Maravilhas da França

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Excelentes filmes franceses. Tô recomendando. Bons pra ver a dois, pois incitam discussões interessantíssimas. Mas eu vi sozinha e foi massa. Tomando sorvete e comendo chocolate. E travei monólogos interessantíssimos e intermináveis dentro do cinema, dentro do carro, dentro de mim. Eu sou uma ótima companhia!

- O Pecado de Hadewijch (Bruno Dumont), sobre o dilema de uma jovem candidata a noviça que se torna amiga de muçulmanos radicais.

- O Refúgio (François Ozon), sobre um jovem casal usuário de drogas. A moça se vê grávida e sozinha após a morte do namorado.

- As Múmias do Faraó (Luc Besson), sobre uma jornalista às voltas com múmias falantes em 1912.

Voilà!

domingo, 3 de outubro de 2010

Elegância não vem em cartilha

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Preciso desabafar.
Eu não deveria nem perder meu tempo comentando isso aqui, mas preciso desabafar.
Fui a um jantar na casa de um amigo, para celebrar o aniversário dele. Jantar chique, cardápio elaborado por um chef renomado, bebidas selecionadas. Lago Norte, nata da elite brasiliense. Coisa fina, para convidados idem. Até caviar eu experimentei - iguaria que, assumo, não me agradou aos olhos nem ao paladar.

Bom, fui colocada para sentar à mesa com um grupo de mulheres muito bonitas, bem vestidas e animadas. A maioria da minha idade, algumas pouca coisa mais velhas ou mais novas. Cumprimentei a todas e, durante o jantar, pude perceber que algumas já se conheciam, outras não. Mas todas falavam de suas vidas conjugais como se íntimas fossem. Eu estava calada, esperando um assunto mais interessante, mas demonstrava atenção olhando sempre para quem estava falando no momento.
De repente, uma delas se dirige a mim e pergunta:
- Você vem de uma família simples, né?
- Sim, venho. Como sabe?
- Porque você não sabe usar os talheres. Você usa o garfo com a mão direita. Isso não é elegante, você deveria usar o garfo na mão esquerda.

Todas as outras mulheres imediatamente olharam para as minhas mãos, para o meu vestido e para os meus sapatos. Nenhuma se preocupou em "disfarçar" o comentário desnecessário da distinta moça sentada à minha frente. Nenhuma perguntou sequer o meu nome. E todas começaram uma conversa sobre como foram muitíssimo bem educadas desde a mais tenra infância seguindo as mais nobres regras de etiqueta, como numa competição onde só poderia participar quem tivesse a carteirinha vip do clube da luluzinha bem nascida. E todas usavam o garfo na mão esquerda.

Eu apenas consegui responder:
- É, venho de uma família de hábitos simples sim, mas todos pessoas muito gentis.
Não consegui falar mais nada, pois minha garganta travou. Mas eu deveria ter emendado com um "- Obrigada por me constranger e expor na frente de todas aqui, dessa maneira tão educada. Na certa, vocês também aprenderam, desde o berço, a tratar as pessoas assim. Magnífica educação, parabéns."
Mas não falei mais nada, não consegui. Apenas terminei o meu prato enquanto era ignorada por aquelas belíssimas e bem-criadas mulheres, e tive tempo e estômago suficientes para continuar a ouvi-las falando em altíssimo e bom som sobre suas intimidades com seus maridos, namorados e amantes. Com direito a todos os detelhes escusos, palavras chulas e piadinhas depreciativas quanto ao desempenho de seus pares. Mais uma vez expondo e constrangendo pessoas que, desta vez, nem estavam ali para se manifestar a favor ou contra aquele circo de gargalhadas. Bons costumes, não?

Só terminei minha refeição porque "não é de bom tom" deixar comida no prato, mesmo com um nó na garganta. Engoli a seco e nem esperei a sobremesa (que devia estar divina): pedi licença, educadamente, e me retirei. Nenhuma delas sequer olhou para mim. Quanta educação! Mas continuavam todas usando o garfo com a mão esquerda, enquanto contavam seus "segredos" conjugais para todos ali presentes, aos palavrões.

Me dirigi a um grupinho de pessoas que estava em pé, tomando vinho, e fui muito bem recebida. Todos perguntaram meu nome, de onde eu conhecia o anfitrião, e conversamos por quase três horas sobre nossas profissões, nossos planos, cinema, música, política, educação de filhos, viagens. Que bom, achei os meus! Durante esse tempo todo, todos seguravam suas taças pelo copo, e não pela haste, inclusive eu.

É... elegância e etiqueta são coisas distintas. Muito distintas.
Que alívio.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Devaneios insones

Matutando insone, cheguei a uma conclusão:
toda rigidez é traço de caráter, e todo comportamento de auto-afirmação parece ser então uma resposta inconsciente à culpa e à insegurança geradas por esse traço de caráter.
Vou pensar melhor nisso para a minha tese.
Eita, agora é que eu não durmo mesmo.

Vai funcionar!


Hoje fiz até a dança da chuva pra ver se o céu se comove com a secura dessa cidade.
Afff, Brasília é o Saara.
Vai funcionar, minha reza é forte!
E eu vou lá fora tomar um banho de chuva pra comemorar!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Circo


Tiririca, Mulher-pêra, Weslian Roriz e tantos outros exemplos. Infelizmente, a política brasileira, que deveria ser pensada com a seriedade que o assunto requer, parece ser a mais circense do planeta.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

As flores estão de novo em mim

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Ah que delícia! O frio foi embora! Foi embora e deixou o calor!
Agora eu boto meus vestidos longos e me sinto um jardim: alegre, perfumada e florida.
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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Olhar

(Ferreira Gullar)

O que eu vejo
me atravessa
como ao ar
a ave

O que eu vejo passa
através de mim
quase fica
atrás de mim

O que eu vejo
- a montanha por exemplo
banhada de sol -
me ocupa

E sou então apenas
essa rude pedra iluminada
ou quase
se não fora
saber que a vejo.
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cadê você, inspiração?

Ela fugiu de mim. Foi dar uma volta, passear. Ou anda tão ocupada que tá sem tempo de vir me visitar. Acho que ela anda fazendo dieta, por isso está assim, tão mirradinha. Vai ver é isso então: a dieta. Deixa ela fraca. Poxa, esquece isso, inspiração, volta e vem me fazer companhia de novo. Eu tenho aqui uns chocolates deliciosos, pra te dar mais disposição. E aí a gente ouve uma música boa, toma um bom vinho, e escreve umas poesias bonitas pra enfeitar a vida.
Bom, to te esperando.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O amor é sempre um pacto contra o tempo

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Es tan corto el amor, y tan largo el olvido
"É tão curto o amor, tão longo o esquecimento"
(Pablo Neruda)

"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo.
Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo."
..

domingo, 25 de julho de 2010

"Tristeza não tem fim, felicidade sim..."

E uma maturidade surpreendente de alguém que começou agorinha a pouco a sentir.

- Fica triste não, mamãe. Eu não gosto de te ver triste, porque eu fico triste também. E você fica parecendo uma japonesinha.
... e então eu ganhei os beijinhos mais sinceros que eu já ganhei na vida.
- É, meu bem. Na verdade, não sou eu quem cuida de você. É você quem cuida de mim. Ainda bem.

(e você é o menino mais sábio e sensível que existe no mundo)

sábado, 17 de julho de 2010

Três

Branca flor, mágica, feiticeira
O seu vento ainda está aí
Embevecido a admirar tua beleza
Espécie de eterno encanto, flor do campo
Atado ao cárcere da tua delicadeza

Flor-boto, flor-sereia, flor-mito
Por que lançaste ao vento o teu pólen feiticeiro
se do vento desejavas um soprar tão passageiro?
Soberana ao tempo, outrora bonito
Espalhou seu canto imaculado, infinito
Perfumado cântico etéreo, ainda inebria:
Enquanto o vento desejar tua alegria
Minha primavera adormece em noite fria

Como pode ser tão sádica, flor, se é alegre?
E ainda assim ser tão bela em verso meu?
A mim resta contemplar tua vitória, enfim,
e humilde observar seu apogeu

Sábia flor, única e dileta
Devo resignar-me diante de seu triunfo
e desiludida florescer noutro jardim?

Ou baixe as pétalas, flor, finda meu tormento
Permita-me ofertar o meu encantamento
pois perpétuo é meu querer: florir ao vento.

domingo, 11 de julho de 2010

Bom demais

- Boa noite, meu bem. Mamãe te ama mais que tudo no mundo.
- Boa noite mamãe. Eu te amo mais do que você me ama.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Esse jeitinho elementar de amar...

"Escondido" debaixo de um edredom na cama:
- Mamãe, não é verdade que você tem visão de raio x?
- Não sei, meu bem, tenho?
- Têm, mamãe! Você sempre sabe onde eu estou!
(é verdade, meu bem... nós, as mães, temos visão de raio x...)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Para o meu filho saber

Filho, tem umas coisinhas que eu quero muito que você saiba:
- Que eu te amo muito, mais que tudo no mundo.
- Que a primeira coisa que eu senti quando descobri que estava grávida, foi uma felicidade imensa.
- E que, apesar de tudo e de qualquer coisa, continuei sentindo essa felicidade imensa.
- Que você crescendo dentro de mim, era eu crescendo junto.
- Que o dia 19 de setembro de 2005 foi o dia mais feliz da minha vida.
- Que a primeira palavra que você falou foi "bola". A segunda, "ága". A terceira, "mamá". E a mais bonita, "mamãe".
- Que você cantando sozinho de manhã é o melhor despertador do mundo!
- Que não existe de fato "roupa pra sair" e "roupa pra ficar em casa". Isso é coisa de mãe. Você pode usar a que quiser. Você fica lindo em todas.
- Que você me faz feliz diariamente.
- Que quando você tinha dois anos, Papai do Céu escolheu você pra mostrar pra algumas pessoas que milagres existem.
- Que as vezes em que eu preciso brigar ou te deixar de castigo, dói mais em mim do que em você, pode acreditar. O que me alivia é saber que faço isso para o seu bem.
- Que você é o menino mais lindo do mundo, o mais doce, o mais tudo. E o mais amado.
- Que você pode desenhar as coisas como você quiser, às vezes árvores têm pés sim.
- Que eu sei que você sente falta, amor. E que eu faria tudo pra suprir essa falta.
- Que nem todos os brinquedos que aparecem na televisão são divertidos.
- Que a vovó Lázara sempre quis ter um neto assim, você todinho.
- Que eu te digo "eu te amo" todos os dias porque, se por acaso um dia eu não voltar, você já vai ter escutado. E isso é o mais importante.
- Que eu tenho que te dizer não às vezes, mesmo com vontade de te dizer sim. E que um dia você vai entender porquê.
- Que você é o melhor cantor do mundo.
- Que eu amo você, filho, não só porque sou sua mãe, mas porque você é um menino incrível!
- Que nem sempre vai demorar tanto, meu bem. Na verdade, o tempo passa rápido demais.
- Que eu trocaria de lugar com você, amor. E ficaria para o resto da vida sem comer chocolate para você poder comer tudo o que quisesse.
- Que apertar, espremer e cheirar são formas de carinho.
- Que quando eu olho pra você, eu me lembro de mim.
- Que as pessoas que fazem parte da sua vida, todas, todas, te amam muito.
- Que foi você que ensinou o vovô a sorrir de novo.
- Que o seu sorriso sempre foi lindo, mesmo quando você nem tinha dentes. E que dentes marronzinhos sorriem lindos também.
- Que você é o meu amor, a minha razão, o meu motivo, o brilho do meu olhar. E que toda vez que eu penso em você, eu sorrio.
- Que tudo o que eu te ensino sobre a vida, estou aprendendo com você.
- Que é maravilhoso ver você sorrindo, vivendo, cantando, sentindo.
- Que você sempre vai caber no meu colo.
- Que você é a melhor parte de mim.
- Que é impossível não se apaixonar por você.

sábado, 29 de maio de 2010

Ah... eu queria

Queria saber cantar, sem desafinar. Cantar rouco e baixinho, pra encantar o meu amor. Queria ter asas. Pra perder o medo de altura e fazer voar a minha imaginação. Queria saber dançar. Pra acertar sempre que ele me convidar pra um forró. Ver sempre a beleza do mundo. Assistir a todos os filmes que eu tiver vontade. Dizer apenas coisas boas. Ignorar os babacas. Comer todo o chocolate do mundo até a tristeza passar. E comer mais um pouquinho depois, pra comemorar. Guardar apenas as boas lembranças na memória. Queria ser mais prática e manter meus pés no chão. Só os pés, vai... Mas deixar o pensamento ir longe, longe, Londres, Paris. E nunca deixar de sonhar acordada. Beijar pra sempre o mesmo homem. O homem do forró. Queria fechar os olhos e ver a cor do tempo. Nunca perder a fé e a esperança. Fazer planos pra amanhã, e pra daqui cinco anos. Queria que ele acreditasse em mim. Queria aprender algo novo todos os dias. Pra poder ensinar algo novo todos os dias. Queria que dentes desalinhados fossem bonitos, porque aparelho atrapalha tudo: comer, falar, passar fio dental, e ainda brilha na foto. Queria ter a paciência de Jó. Queria engravidar de novo, ver a vida nascer, a barriga crescer, as roupas não caberem mais. Ter desejos e ser paparicada. Queria escrever mais poesias. Queria sentir novamente o cheiro do pão da minha mãe. Queria o colo dela nos momentos de solidão. Queria ter minha loja. Queria levar o meu filho pra Disney. Queria saber ensinar a viver. Educar sem errar. Me preocupar menos. Me preocupar mais. Ter saúde até meus filhos ficarem velhos. Pra ver que pessoas se tornaram e sentir orgulho da mãe que fui. Amar sempre as pessoas como se não houvesse amanhã. Assistir ao Oscar todos os anos com ele. É, ele mesmo: o homem do forró. E passear de mãos dadas na Argentina. Queria ser um pouco mais baixa e ter os pés mais bonitos. Queria saber se estou certa. Queria saber as respostas... "mamãe, o que é inspiração?" Queria ver um sorriso na boca de toda criança. Ver o mundo sem fome, sem violência, dirigir à noite com as janelas abertas. Queria ouvir o "tssss" e tomar uma coca-cola. Bem gelada. Queria que todas as pessoas conhecessem a felicidade. E que dançassem forró com a mesma alegria que eu danço. Queria andar de bicicleta na Europa. Queria ter mais tempo pra dar conta de tudo. Ou pra não fazer nada. Fazer mais trabalhos voluntários, ajudar alguém. Queria casar na Igreja de véu e grinalda, festa e chuva de arroz. Jurar amor eterno àquele homem do forró. Chorar de emoção, rir de soluçar. Queria que toda maquiagem fosse à prova d'água. Queria não pegar engarrafamentos. Ter minha casa, minha família, meu lar. Pra cuidar. Contar as mesmas fábulas todas as noites enquanto eles as ouvem como se fosse a primeira vez. Arrumar do meu jeito, lavar roupa e ver se o dinheiro vai dar. Esperar pra jantar. Queria dividir as contas, pagar escola, empregada, supermercado, e deixar pra daqui uns meses aquela mesa nova que agora está muito cara. Queria ter de novo aquele caleidoscópio que eu tive na infância. Também queria ter uma graninha todos os meses pra gastar só comigo. Queria ganhar flores. Queria saber os nomes das constelações. Acordar todo dia sem o despertador. Tomar café com calma. E com eles. Dizer eu te amo todos os dias. Esperar a chuva passar na varanda. Esquiar. Fazer boneco de neve. Dirigir num rally. Ter um closet. Comemorar mais um aniversário de casamento dançando forró, mesmo estando bem velhinha. Queria saber que o amor é assim. Exatamente assim: trancar as portas e fechar as janelas pra não entrar corrente de ar. Olhar pra eles com ternura antes de me deitar. Esperar que ele veja se não há ninguém embaixo da cama. Dormir de mãos dadas todas as noites. Cantar canções de ninar, mesmo sem saber cantar. Ter coragem pra saltar de pára-quedas. E mesmo assim não saltar, porque o seguro morreu de velho.

Samba pro meu bem querer

Hoje acordei assim... mais feliz!
Feliz e com saudade.
Sentir saudade é bom!
Saudade alimenta a alma, alimenta o amor, faz de nós poetas.
Com saudade, fiz um samba.


Samba pro meu bem querer

Ai ai meu bem, meu bem querer
te quero tanto
te quero bem
quero fazer casa em seu corpo moreno
onde eu encontre amor, calor
me abrigue do sereno

Quero te dar todo o meu amor,
meu bem
todo esse amor, que é só seu,
de mais ninguém
dançar em você a noite inteira
rodar a saia e te beijar faceira
cantar e encantar a sua vida
fazer da sua vontade a minha avenida
Quero encher seu mundo de alegria
sorrir e suar até o sol raiar
ser a flor do dia do seu lar
Bom dia!

Ai ai meu bem, meu bem querer
te quero tanto
te quero bem
e quem sabe um dia
de tanto bem eu te querer
você queira pra sempre me querer
também

Minha namorada

Um dia, há algum tempo atrás, meus olhos brilharam tanto e meu sorriso se abriu tão largo que esse dia ficou perpetuado em mim em forma de sorriso e brilho no olhar.

Minha Namorada
Vinicius de Moraes / Carlos Lyra

Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha, essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser...
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer...
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque...
.
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você...
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
Os seus braços o meu ninho no silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dificuldades, reflexão, perdão...

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem!”.
(João Guimarães Rosa).

Ai, ai... hoje eu to meio mal, meio pra baixo, sem ânimo...
Muitas vezes acontecem coisas que nos decepcionam, outras vezes nós magoamos alguém, outras tantas as circunstâncias nos desanimam... ficamos tristes, nos sentindo mal com a situação. É normal, somos humanos...
Então, nessas horas, coragem é do que precisamos. Afinal, o que que é isso? Eu mesma sempre digo a todos que não devemos nos deixar abater, que a vida deve ser alegre e devemos olhar as dificuldades com a sabedoria necessária para transformá-las em momentos de reflexão.

Às vezes cometemos um erro, um equívoco, mesmo que a real intenção seja a de fazer uma brincadeira. Outras vezes, no impulso do momento, falamos uma bobagem daquelas que a gente fala sem pensar e se arrepende depois. Normal, quem nunca cometeu um equívoco, um engano?
Dizem que o que vale é a intenção. Mas, por mais natural que seja errarmos, devemos sempre parar e refletir... é aí que entra a nossa consciência...
Eu sempre agradeci à minha mãe pelos ensinamentos de ética, valores pessoais e retidão. E eles estão, de maneira definitiva, gravados em minha essência. Em minha consciência.
Mas às vezes estamos chateados, nervosos, com problemas no trabalho ou apenas não pensamos bem antes de falar alguma coisa. Somos humanos, e estamos sujeitos às variações de humor próprias da espécie. E aí dá vontade mesmo de falar tudo que vem à boca, mandar tudo praquele cantinho escuro.
Porém, o humano é humilde por sua natureza, e a humildade nos abastece diariamente dos mais nobres sentimentos, está profundamente vinculada à nossa capacidade de refletir, de perdoar e, principalmente, de pedir perdão.
E nossa consciência, assim como nosso coração, nos faz parar e refletir, e dessa forma podemos nos colocar no lugar do outro e entender a situação. Entender o que nos leva a agir equivocadamente com o outro e entender os motivos que fizeram com que o outro agisse equivocadamente com a gente. Nossa consciência nos dá essa capacidade de refletir, nos impulsiona a ir ao encontro do outro, colocando-nos em seu lugar e entendendo a sua motivação, a sua dor. E então nosso coração se encarrega de nos dar a oportunidade de pedir desculpas sinceras àqueles que magoamos num momento de equívoco. E perdoar sinceramente àqueles que amamos pelos erros cometidos.
Perdoar e pedir perdão são pequenos gestos de respeito ao outro. E é nos pequenos e nos grandes gestos que a nossa consciência - humana, genuína - nos transforma, dia a dia, em pessoas melhores.

domingo, 9 de maio de 2010

Saudade

Ás vezes paro pra pensar na saudade. Ou é ela que de vez em quando aparece bem na minha frente. Como alguma foto que eu ainda não tinha visto e que vem me contar uma novidade sobre o que já vivi. E então, em minha memória, faço um álbum bem bonito. E guardo num canto escondido, mas tão escondido, que fico até com medo de um dia procurar e não encontrar. E quando encontro, dói. Mas dói bonito. Porque a saudade só vem de onde vem o amor.


Às vezes eu escrevo poesias.
Poesia é a alma tentando falar o que a boca não consegue.
Hoje eu escrevi esta.


Saudade

No cortejo do tempo maduro
em vão
como o ingênuo ao seguir as fadas
ignorante de si
as mãos atadas que nada podem fazer.
O humano desnudo
a gruta vazia
e o pranto em desatino
desfazendo-se lentamente.
O destino a assoprar memórias
de um futuro como flor em botão
passa-se o tempo a esperar contente
lento, broto e bela flor.
Destino
sábio destino?
que me pregou outra peça
Saudade, todo respiro é ar
E o pássaro voa alegre mesmo sem saber pra onde.

Dia das mães

A mãe
O envelope foi aberto e dele veio a melhor emoção que já senti na vida. Ali nascia o filho, ali nascia a mãe. De dentro daquele envelope saiu susto, saiu medo, saiu riso, saiu choro, saiu vida. Mas antes de tudo, saiu uma alegria imensa. A felicidade veio de dentro daquele envelope. Era ele que guardava o segredo de uma nova vida, a nova vida que eu guardava dentro de mim. E era minha aquela vida. Foi ali que nasci mãe. E em segundos eu já amava profundamente aquela vida que estava dentro de mim.
Levei pra casa o envelope, levei a alegria, o medo, o susto, o choro e o riso. Levei a minha vida nova dentro de mim. Levei tanta coisa nova que quase não consegui levar tudo. Mas de dentro do envelope mágico veio também a descoberta de que eu era forte, tão forte que eu conseguiria levar tudo sim. Levar um mundo novo dentro de mim.
Aquele envelope era encantado. O segredo que ele guardava foi revelado, e eu fui transformada em mãe. E desde aquele dia, o amor que eu já levava dentro de mim só cresce. Cresce desmedidamente.
A partir daquele dia que eu abri o envelope, eu colocava as mãos sobre a barriga, ao deitar, e imaginava lá dentro um bebê prontinho, mesmo sendo ainda um pequeno broto. Ficava assim, quase imóvel, só sentindo, até adormecer.
Com o passar dos dias, a barriga crescendo como mundo novo, a vida tomando forma de pequena gente, as perninhas abrindo espaço dentro de mim, os "soluços", e as descobertas daquela nova vida, o sentimento de amor materno foi se tornando cada vez mais forte, intenso, perene. A cada dia a vida ia se tornando mais verdade dentro de mim. E hoje ela é vida mesmo, é real. Já tem um metro e quatro. Isso só pode ser encanto mesmo.
Aquela nova vida revelada por aquele envelope encantado é hoje um menino lindo. Não consigo imaginar minha vida sem ele e, por vezes, nem me lembro de minha vida antes dele.

O filho
Meu filho é um menino incrível. Inteligente, curioso, alegre, comunicativo, amoroso e carinhoso. Extremamente carinhoso. Apesar de não ter uma noção exata do que é o amor, ele o sente e se entrega da forma mais bonita que existe, com a coragem e a pureza infantis. Ele tem o olhar e o sorriso mais bonitos e honestos que já vi.
Adoro olhar quietinha pra ele, enquanto ele brinca sozinho, sentado no chão, e fico pensando: "fui eu que fiz..." e sinto felicidade, amor, orgulho... sinto ele.
Claro que as vezes perco a paciência, dou bronca, deixo de castigo. Faz parte do amor, do educar, do formar o caráter. E faz parte, principalmente, do "ser mãe", do exercer a maternidade com zelo e amor.
Por ele eu quero ser uma pessoa melhor a cada dia. Quero pensar meus defeitos e aprimorar minhas qualidades. Ele me ensinou a ser mais paciente, tolerante, corajosa, cuidadosa. Ele me ensinou a ser mãe, ele me mostrou o que era o amor materno, e pude então sentir tudo aquilo que a minha mãe dizia que eu iria sentir quando eu fosse mãe.
Saudade da minha mãe... vontade de contar pra ela que eu entendi tudo. Vontade de perguntar a ela se estou indo pelo caminho certo. Vontade de mostrar pra ela como a vida é linda agora. Saudade dela comigo, saudade de mim com ela. Ela é "de onde eu vim".

Há cinco anos meu filho é o meu presente do Dia das mães. Olhar nos olhos dele de manhã é a minha bênção diária, pois ele foi o presente mais lindo que Deus me deu.
E eu quero muito, muito mesmo, abrir outros envelopes iguais àquele.
- Filho, mamãe te ama mais que tudo no mundo.

domingo, 25 de abril de 2010

Uma cena emocionante

Hoje amanheci com vontade de escrever sobre uma cena que vi no dia do aniversário de Brasilia e que não me sai da memória. Levei meu filho para assistir à "Parada Disney", um desfile de carros alegóricos nos temas e personagens da Disney. Muito lindo, mas um pouco desorganizado, começou com atraso, sol a pino, muita gente, uma confusão danada e os adultos se aglomerando na frente porque não tinha arquibancada para as crianças (resultado: TODOS os pais e mães que levaram crianças pequenas tiveram que colocá-las nos ombros para que elas conseguissem enxergar o desfile, inclusive eu. rs), mas... valeu a pena! Muito lindo mesmo, e os olhinhos brilhantes do meu filho cada vez que passava um carro com os personagens, valeram todo o esforço.
No meio dessa confusão toda, vi bem perto de mim uma cena que me comoveu: assim como nós que estávamos com as crianças pequenas, um pai também erguia bem alto o seu filho para que ele pudesse ver quando os carros passavam. Mas o menino era um adolescente visivelmente portador de algum tipo de paralisia cerebral, e devia pesar uns sessenta quilos, e o pai já não era mais um rapaz. O menino, nos ombros do pai, aplaudia, pulava e sorria cada vez que um carro passava, e seus olhos brilhavam de felicidade. O suor escorria pelas bochechas vermelhas do pai, salgando suas caretas de esforço e exaustão, mas, apesar de não estar vendo o desfile, seus olhos brilhavam também.
Uma cena linda, comovente e emocionante, um "take" da vida como ela é.

sábado, 24 de abril de 2010

Consciência e Coração

Quando estava pensando em qual seria o título para o meu blog, pensei em algo que remetesse ao dia a dia comum, às coisas simples, à vida enfim. Até pensei em colocar algo como "cotidiano" (até porque adoro a música do Chico), porque no fundo esse é o tema do blog: as impressões que tenho sobre o mundo e a vida. Mas serão as minhas impressões, o meu modo de ver, viver e pensar, como pessoa, como ser humano. Apenas mais uma pessoa atenta e pensante entre todas que habitam o mundo. Então escolhi "um pouquinho do dia" porque quero apenas escrever um pouquinho sobre os meus momentos, pensamentos e devaneios. Mais pra deixar registrado mesmo, e não perder os papéis por aí. Fazer aqui um diário, ir contando a vida em prosa, verso e poesia, pra um dia reler, porque sou dessas pessoas que gostam de lembrar.
É isso, acho que sou assim... meio prosa, meio poesia. Sou emoção e razão, afeto e sensibilidade, consciência e coração.
Aliás, somos todos consciência e coração. Acho que essas duas palavras representam o que há de mais humano em nós, a nossa essência, a razão e a emoção.

A consciência
A consciência pode ser definida, no seu sentido racional, como "fazer uso da razão ou da capacidade de raciocinar, como ser capaz de pensar, ter ciência das próprias ações". Mas, para mim, a palavra consciência também representa algo subjetivo, que remete ao sentido ético e moral do ser humano. A consciência é algo que sentimos, não é apenas um estado de alerta, o estar acordado, estar consciente. É também ser consciente da influência que temos sobre o mundo, a vida, as pessoas. Está intimamente relacionado ao modo como vivemos nossas vidas, educamos nossos filhos, percebemos o mundo, realizamos nosso trabalho, tratamos as pessoas. Ser consciente, pra mim, é respeitar e aceitar as pessoas como elas são, valorizar os vínculos emocionais e afetivos que estabelecemos com as pessoas e o mundo em nosso dia a dia. É um senso de responsabilidade e generosidade baseado em vínculos afetivos que desenvolvemos com as pessoas e o mundo. É aquela "vozinha interior", a voz da alma, que nos guia para o caminho do bem.

O Coração
O Coração representa o que, ao meu ver, há de mais divino no ser humano. A capacidade de amar incondicionalmente, de sermos generosos, altruístas, de sentirmos compaixão. Eu sou fiel ao amor, e não estou falando apenas do amor romântico, não. Falo do amor nas infinitas formas que ele pode ser sentido. O amor é o mais natural dos sentimentos humanos. O amor é nobre e a sua grandeza está justamente na capacidade que ele nos dá de buscarmos o bem. É o sentimento de amor que nos influencia para a prática do bem ao outro, ao mundo, à vida. É o amor que nos faz sermos melhores a cada dia, que nos faz sentir alegria e satisfação frente às conquistas e vitórias alheias, que nos faz exercermos a bondade no nosso dia a dia.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Me apresentando

Quero ser feliz e sorrir, sempre, todos os dias.
Quero ser a melhor mãe do mundo, e fazer do meu filho um homem feliz.
Quero que meu namorado saiba que o amo da forma mais bonita que se pode amar alguém.
Quero que meus amigos saibam que podem contar comigo.
Quero que a minha família se orgulhe de mim.
Quero fazer planos, acreditar, trabalhar, realizar.
Quero ter, algum dia, minha casa, minha família, meu lar, e cuidar de tudo isso com a dedicação necessária para que eu nunca os perca.
Quero aprender receitas especiais para agradar aos paladares de quem amo.
Quero ver muitos filmes, ouvir muita música e cantar, cantar, cantar, mesmo que desafinando.
Quero ler mais livros, ter mais conhecimento.
Quero conhecer o Brasil inteiro, e também Paris, Londres, Grécia e Caribe.
Quero visitar museus, monumentos e construções históricas.
Quero ter uma cineteca e talvez um Romero Britto.
Quero sempre me cuidar, ficar bonita, usar um vestido lindo.
Quero ser, para meus filhos, uma referência de caráter.
Quero manter sempre a calma, o bom humor e a esperança.
Quero ser forte, corajosa, determinada e paciente, tudo na medida.
Quero ter sempre saúde e fé como eu tenho hoje.
Quero viajar de avião sem sentir medo. Mas se eu não perder o medo, quero ter sempre do meu lado alguém que segure minha mão.
Quero ter mais sabedoria e olhar as dificuldades com ternura.
Quero fazer bem para alguém.
Quero ser alguém melhor a cada dia.
Quero ficar bem velhinha e olhar com saudade e orgulho para as minhas lembranças.
Quero ser feliz e fazer alguém feliz.