sábado, 17 de julho de 2010

Três

Branca flor, mágica, feiticeira
O seu vento ainda está aí
Embevecido a admirar tua beleza
Espécie de eterno encanto, flor do campo
Atado ao cárcere da tua delicadeza

Flor-boto, flor-sereia, flor-mito
Por que lançaste ao vento o teu pólen feiticeiro
se do vento desejavas um soprar tão passageiro?
Soberana ao tempo, outrora bonito
Espalhou seu canto imaculado, infinito
Perfumado cântico etéreo, ainda inebria:
Enquanto o vento desejar tua alegria
Minha primavera adormece em noite fria

Como pode ser tão sádica, flor, se é alegre?
E ainda assim ser tão bela em verso meu?
A mim resta contemplar tua vitória, enfim,
e humilde observar seu apogeu

Sábia flor, única e dileta
Devo resignar-me diante de seu triunfo
e desiludida florescer noutro jardim?

Ou baixe as pétalas, flor, finda meu tormento
Permita-me ofertar o meu encantamento
pois perpétuo é meu querer: florir ao vento.

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